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Thiago Chakan Quatro Sonetos a Meu Pai

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ROLAGEM
tom: G (forma dos acordes no tom de D ) Capostraste na 5ª casa Intro: Aadd9 Gbm11 Dadd9 E [Soneto I - A meu Pai doente] Aadd9 Gbm11 Para onde fores, Pai, para onde fores Dadd9 E Irei também, trilhando as mesmas ruas Dadd9 E Tu, para amenizar as dores tuas Bm E Aadd9 Gbm11 Dadd9 E Eu, para amenizar as minhas dores! Aadd9 Gbm11 Que coisa triste! O campo tão sem flores Dadd9 E E eu tão sem crença e as árvores tão nuas Dadd9 E E tu, gemendo, e o horror de nossas duas Bm E Aadd9 Gbm11 Dadd9 E Mágoas crescendo e se fazendo horrores! Dadd9 E Gbm11 Aadd9 Magoaram-te, meu Pai?! Que mão sombria Bm7 E Aadd9 Gbm11 Indiferente aos mil tormentos teus Dadd9 E Aadd9 Gbm11 De assim magoar-te sem pesar havia! Dadd9 E Gbm11 Aadd9 — Seria a mão de Deus?! Mas Deus enfim Bm7 E Aadd9 É bom, é justo, e sendo justo, Deus Gbm11 Dadd9 E A Gbm11 Deus não havia de magoar-te assim! Dadd9 E A Gbm11 Deus não havia de magoar-te assim! Dadd9 E A Gbm11 Dadd9 E Deus não havia de magoar-te assim! [Interlúdio] Aadd9 Gbm11 Dadd9 E [Soneto II - A meu Pai morto] Aadd9 Gbm11 Madrugada de Treze de Janeiro Dadd9 E Rezo, sonhando, o ofício da agonia Dadd9 E Meu Pai nessa hora junto a mim morria Bm E Aadd9 Gbm11 Dadd9 E Sem um gemido, assim como um cordeiro! Aadd9 Gbm11 E eu nem lhe ouvi o alento derradeiro! Dadd9 E Quando acordei, cuidei que ele dormia Dadd9 E E disse à minha Mãe que me dizia Bm E Aadd9 Gbm11 Dadd9 E “Acorda-o!” deixa-o, Mãe, dormir primeiro! Dadd9 E Gbm11 Aadd9 E saí para ver a Natureza! Bm7 E Aadd9 Gbm11 Em tudo o mesmo abismo de beleza Dadd9 E A Gbm11 Nem uma névoa no estrelado véu Dadd9 E Gbm11 Aadd9 Mas pareceu-me, entre as estrelas flóreas Bm7 E Aadd9 Gbm11 Como Elias, num carro azul de glórias Dadd9 E A Gbm11 Ver a alma de meu Pai subindo ao Céu! Dadd9 E A Gbm11 Ver a alma de meu Pai subindo ao Céu! Dadd9 E A Gbm11 Dadd9 E Ver a alma de meu Pai subindo ao Céu! ( Aadd9 Gbm11 Dadd9 E ) [Soneto III - Ao sétimo dia do seu falecimento] Aadd9 Gbm11 E ele morreu. Ele que foi um forte Dadd9 E Que nunca se quebrou pelo Desgosto Dadd9 E Morreu... mas não deixou na ara do rosto Bm E Aadd9 Gbm11 Dadd9 E Um só vestígio que acusasse a morte! Aadd9 Gbm11 O anatomista que investiga a sorte Dadd9 E Das vidas que se abismam no Sol-posto Dadd9 E Ficaria admirado de seu rosto Bm E Aadd9 Gbm11 Dadd9 E Vendo-o tão belo, tão sereno e forte! Dadd9 E Gbm11 Aadd9 Quando meu Pai deixou o lar amigo Bm7 E Aadd9 Gbm11 Um sabiá da casa muito antigo Dadd9 E A Gbm11 Que há muito tempo não cantava lá Dadd9 E Gbm11 Aadd9 Diluiu o silêncio em litanias Bm7 E Aadd9 Gbm11 E hoje, poetas, fazem sete dias Dadd9 E A Gbm11 Que eu ouço o canto desse sabiá! Dadd9 E A Gbm11 Que eu ouço o canto desse sabiá! Dadd9 E A Gbm11 Dadd9 E Que eu ouço o canto desse sabiá! ( Aadd9 Gbm11 Dadd9 E ) [Soneto IV] Aadd9 Gbm11 Podre meu Pai! A Morte o olhar lhe vidra Dadd9 E Em seus lábios que os meus lábios osculam Dadd9 E Microrganismos fúnebres pululam Bm E Aadd9 Gbm11 Dadd9 E Numa fermentação gorda de cidra Aadd9 Gbm11 Duras leis as que os homens e a hórrida hidra Dadd9 E A uma só lei biológica vinculam Dadd9 E E a marcha das moléculas regulam Bm E Aadd9 Gbm11 Dadd9 E Com a invariabilidade da clepsidra! Dadd9 E Gbm11 Aadd9 Podre meu Pai! E a mão que enchi de beijos Bm7 E Aadd9 Gbm11 Roída toda de bichos, como os queijos Dadd9 E A Gbm11 Sobre a mesa de orgíacos festins! Dadd9 E Gbm11 Aadd9 Amo meu Pai na atômica desordem Bm7 E Aadd9 Gbm11 Entre as bocas necrófagas que o mordem Dadd9 E A Gbm11 E a terra infecta que lhe cobre os rins! Dadd9 E A Gbm11 E a terra infecta que lhe cobre os rins! Dadd9 E A Gbm11 Dadd9 E E a terra infecta que lhe cobre os rins! [Final] Aadd9 Gbm11 Dadd9 E

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